Matéria escrita pelo Arthur Rufino, para a Snaq.co, para entender esses conceitos tão atuais de forma dinâmica e ainda analisar maneiras genuínas de incorporá-los ao seu negócio.
Se você acompanha um pouco do mercado financeiro, certamente já viu a sigla ESG no discurso de alguma companhia listada. Não é à toa: cresce todos os dias o número de investidores institucionais que exige um posicionamento claro das empresas sobre os três aspectos do ESG (ambiental, social e governança). Além disso, o histórico já mostra que essas empresas são mais resilientes à mudanças nos padrões de produção e consumo e, consequentemente, mais valiosas.
A economia circular vem como um conceito que integra a solução mais ampla do ESG. Para entender a economia circular, façamos um paralelo com o ciclo da vida em "O Rei Leão": leões comem os antílopes, mas quando morrem, servem de nutrientes na terra para que a grama cresça e o antílope come a grama. Por mais óbvio que isso pareça, o conceito de ciclo sustentável só passou a ser incorporado pelas empresas recentemente quando a sociedade entendeu que estava caminhando em uma economia linear, onde se extrai, produz, distribui, consome e descarta. Não preciso aprofundar aqui para esclarecer onde isso foi parar, mas a economia circular vem justamente para garantir que o ser humano continue sua jornada de desenvolvimento e evolução sob um novo comportamento sustentável para o planeta, para a sociedade e para seu bolso.
Devemos muito disso aos Millenials
Quando entraram no mercado de trabalho, sua mentalidade de trabalhar "por algo" e não "para alguém" começou a trazer mudanças nas empresas. Quando começaram a consumir, também começaram a optar por marcas que estivessem alinhadas àquilo em que acreditavam. O que parecia um movimento passageiro para muita gente de gerações passadas, cresceu e ganhou o poder de derrubar gigantes tradicionais, ao mesmo tempo em que influenciou até mesmo o fluxo do capital nas principais bolsas mundiais.
Acredito não ser necessário um grande esforço para entender os benefícios de imagem e posicionamento das empresas ao incorporar uma pauta ESG estruturada, mas quero provocar uma reflexão um pouco mais profunda sobre as oportunidades para seu modelo de negócio.
Muitas empresas simplesmente pegam ações óbvias e inerentes ao seu negócio, jogam nas mãos de um excelente time de comunicação e contam uma linda história para o mercado, que provavelmente não será refletida na cultura ou na percepção do consumidor em relação à sua marca. Outras mudam seu modelo percebendo oportunidades de gerar negócios com emissões negativas de carbono, que reduzam a desigualdade social e que tenham total conformidade com leis e normas vigentes, tudo isso melhorando sua rentabilidade.
Não é um caminho fácil.
Estamos falando de inovação estrutural, de conhecer melhor os recursos da sua companhia para repensar sua utilização e ampliar a eficiência de cada um desses recursos. É entender com maior profundidade quem são os stakeholders não-óbvios do seu negócio e como você cuida de sua experiência e até mesmo de seus "indicadores". É entender o alcance de cada ação de sua empresa, que ao contratar uma solução de vale alimentação, por exemplo, direciona o consumo do seu colaborador para o perfil A ou B do ramo de alimentação e acaba fomentando uma desigualdade de força ao privá-lo do consumo no perfil C. É entender a pequena relação da sua empresa com a segurança pública e começar a buscar formas de criar um impacto positivo nesse indicador que sequer faz parte do seu DRE (demonstrativo do resultado do exercício). É entender-se como parte de um ciclo e responsável pelo equilíbrio e sustentabilidade do mesmo.
A questão é que a incorporação genuína de uma pauta ESG com todos os aspectos da economia circular no seu negócio vai obrigar toda uma revisão das suas práticas e é nesse momento onde cabe muita criatividade e inovação para atingir metas cada vez mais agressivas em rentabilidade, conformidade e impactos social e ambiental. Esse movimento está levando as empresas a entender seu papel de "plataforma" para que seus entregáveis não sejam apenas seus produtos e serviços, mas também a manutenção de uma sociedade cada vez mais próspera, equalitária e sustentável, criando laços genuínos com as pessoas impactadas por elas.
Não é mais uma questão de discurso furado sobre ser verde e doar pratos de comida, mas uma decisão sobre seu papel no “ciclo da vida”. No final a analogia com o Rei Leão pode ser feita também através de seus personagens: você pode ser o Scar, consumindo recursos loucamente e prometendo retorno de curto prazo para suas “fiéis” hienas numa visão linear ou pode ser o Simba, que tem uma proposta de longo prazo que contempla benefícios para todos os stakeholders, promove o crescimento da cadeia, é admirado pelo mercado e ainda segue líder ;)
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